7º Bienal do Mercosul: grito e escuta
Aproveitando a proximidade da 7º Bienal do Mercosul (De 16 de outubro a 29 de novembro em Porto Alegre) falarei um pouco sobre a minha relação com a arte contemporânea.
O que a arte contemporânea, em geral, me passa? Qual é o seu propósito? Porque eu a odeio tanto? Devo voltar a visitar a Bienal do Mercosul? Tentarei responder essas e outras perguntas a partir de agora.
Para entender a arte contemporânea tive que recorrer a Wikipédia. No link abaixo você vai ver toda história e os conceitos da arte contemporânea.
Como esse blog tem opiniões pouco embasadas sobre as coisas, decidi ignorar totalmente o que li na enciclopédia virtual e tentar entender por mim mesmo o que os artistas contemporâneos querem dizer com suas obras. E nessa busca por compreensão consegui responder as minhas questões iniciais.
O que a arte contemporânea, em geral, me passa?
Pouca coisa, ou quase nada. Não consigo ser atingido por coisas tão abstratas. O dia que alguém conseguir dar significado a uma parede branca pintada de branco por cima eu começo a gostar de arte contemporânea.
Qual é o seu propósito?
Não sei, sinceramente não entendi o seu propósito ainda. A expressão ”tudo pode virar arte” me deixa no mínimo encafifado. Um dia desses meu filho fez coco colorido, tinha pedacinhos vermelhos e amarelos, pensei em tirar uma foto da merda toda e mandar para a bienal. E eu não duvido que aceitassem, afinal de contas porque a bosta do meu filho não pode ser arte. Escatologias a parte, eu garanto: nem tudo pode virar arte.
Porque eu a odeio tanto?
Essa aqui é fácil. Eu odeio arte contemporânea porque para mim ela não faz sentido nenhum.
Mas vai ter gente que vai dizer que o fato é justamente este, o valor da arte contemporânea está em não fazer sentido. Daí eu vou enquadrar e vender a fralda suja do meu filho, por alguns milhares de reais, para essa pessoa.
Devo voltar a visitar a Bienal do Mercosul?
A resposta dessa pergunta é não.
Só queria esclarecer que nem toda arte contemporânea é ruim. Na Bienal do Mercosul, por exemplo, tem obras bem interessantes, são poucas é verdade, mas tem.
Não é possível generalizar e dizer que eu não gosto de arte contemporânea, o que é possível afirmar é que eu não gosto da maior parte de arte contemporânea que tive acesso, principalmente em Bienais passadas.
Para ilustrar essa discussão sobre Arte Contemporânea coloco abaixo a imagem do espaço vazio da Bienal de São Paulo de 2008.
Esse espaço foi alvo de muitos debates na época. A ideia era deixar um espaço sem nada para as pessoas refletirem a respeito da Bienal e de outros assuntos. O espaço vazio era mais uma obra da Bienal.
Aproveito para refazer a pergunta tão recorrente naquela época: O que você colocaria no andar Vazio da Bienal de São Paulo?
Aproveito para refazer a pergunta tão recorrente naquela época: O que você colocaria no andar Vazio da Bienal de São Paulo?
Eu já sei o que colocar: arte de verdade.
Deixe comentários sobre a Bienal do Mercosul, Arte Contemporânea e até sobre o vazio da Bienal de São Paulo.
Já que estamos falando e discutindo sobre arte, vi um filme recentemente, chamado O mestre da Vida, fora a tentativa de propor reflexões sobre a vida e a troca de experiências entre um jovem aprendiz e seu mestre pintor, o filme traz algumas discussões interessantes sobre arte. Dentre elas, numa exposição local de pinturas de crianças com deficiência, o mestre pintor relfete sobre aquele tipo de arte e revela seu medo de chegarmos ao ponto de admirarmos um vidro de urina, achando isso arte.
ResponderExcluirDiante disso, acho que esse receio do personagem no filme é retrato do que estamos vivendo hje nas artes. Acho que estamos nos sentindo meio perdidos, e já não é mais tão simples saber se algo é feio ou não, vai além do que nos agrada ou desagrada e se faz sentido ou não...
Se a Bienal é ruim, a Bienal B pode ser ainda pior...rsrsrs
ResponderExcluirFalando em Beinal e falando em arte, em outubro vem aí a COWPARADE Porto alegre. É aquela exposição de vaquinhas coloridas e divertidas.
Seria isso arte contemporânea?? Não sei, só sei que me diverte, e se me diverte também pode ser arte! :)
Alex,
ResponderExcluirVi esse filme também. Fantástico, Fantástico...
Que filme! é interessante a maneira com que, sob uma mascará antipática e desesperançosa, o "mestre" revela uma compreensão contundente de arte.
Não sou tão contra assim a arte contemporanea, mas acho q arte tem q ter algo a mais, algo que toque as pessoas(nem q seja só a si mesmo).
Abraço.
Mestre, podes não acreditar, mas o anônimo acima não sou eu. Acho que é meu amigo Diego, o atual Camaleão - um grande bocaberta, devias conhecê-lo. Não conferi com ele, mas suponho que seja um amigo meu para o qual indiquei o blog (ele vive falando desse filme).
ResponderExcluirMas, sobre a arte contemporânea, acho que deve ser dado o valor não para a idéia de que tudo é arte e sim para idéia de que todos podem (não que sejam, mas que podem) ser artistas. Não precisa estar na academia, pertencer a uma classe específica, a um grupo específico, todos podem ser artistas. Isso faz com que apareça um artista bom, um blog bom, um autor bom para cada três milhões de 'artistas' péssimos. Vale a pena? Eu acho que sim, por que esse artista em outra época não teria essa chance. Sobre a parede branca pintada branco por cima eu entendo (vi uma palestra despretensiosa e boa falando sobre isso) como uma idéia de passar um conceito, a idéia de liberdade artística, de que o branco sobre o branco, o vazio, o nulo, pode ser considerado arte... E dai se passa que o nada pode ser arte. E se o nada é arte, então tudo é arte. É isso Poeta, Abração,
Alex
O REI ESTÁ NU!? ... O REI ESTÁ NU!! O REI ESTÁ NU!!!
ResponderExcluirMeu filho Lucas definiu bem o que penso sobre arte contemporânea, especialmente quanto às intervenções de rua: "O problema é que eu nunca sei se é arte, vandalismo ou inclusão social". Como aquele caso do sofá deixado em cima de um orelhão em Porto Alegre. Começaram a fotografar achando que fosse uma "obra de arte" da Bienal.
ResponderExcluirhttp://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1§ion=Geral&newsID=a2707810.xml#
pensar sobre é muito complexo , eu sempre tenho refletido sobre isso ,por isso não me considero artista , simplesmente faço as coisas q expressem meus sentimentos e ideias
ResponderExcluirEu sou artista visual e, sinceramente, estou de saco cheio dessa arte que estão vomitando para o mundo. As obras selecionadas da Bienal de São Paulo, que vieram para Salvador... sinceramente... o que é aquele entulho? Eu não sabia se estava numa exposição de arte ou numa exposição do acervo de um jornal, dada a profusão de recortes de periódicos e revistas, fotografias ordinárias...
ResponderExcluirNão sei como têm coragem de dizer que a arte está se popularizando... é muita cara de pau afirmar uma coisa dessas. A arte está elitista, como sempre foi.
Isso é irritaaaaaante!!
Em geral também não gosto, mas acho IMPORTANTE colocar limites nas classificações do que é arte contemporânea.
ResponderExcluirTem quadros do começo do século XX muito bons, gosto muito do Theodor Kittelsen e do John Bauer, que retratam a mitologiane folclore nórdico, muito intenso as pinturas, nos transmite nostalgia também.
Adorei seu texto, principalmente como expôs seus sentimentos e a maneira como você mesmo encara a arte moderna. Bem íntimo e pouco analítico (i.e., sem argumentos formalizados, longas digressões, busca por objetividade).
ResponderExcluirE me identifico muito com o que falou. Uma vez fui a um museu. Olhei pra mim mesmo e afirmei: vai lá, Marcos, hora de aprimorar seu senso artístico, captar a beleza das obras, se encantar com o mundo.
Passava minutos em pé tentando degustar uns traços esquisitos, títulos de obra abstratos, esculturas cheia de buracos.
Resultado: me aborreci do início ao fim, sem um pingo de emoção. E dá pra ver que não sou o único...