Aviso: Todos
os nomes desse texto foram ocultados por razões óbvias. Quem viveu sabe. Boa
leitura.
O
Grande Encontro
Contexto: BM, aluno de determinado curso na área
de exatas, mantinha casamento à distância com A, aluna de um curso de humanas do interior do estado. BM morava em um quarto da CEU (Casa do
Estudante Universitário), com IGO,
aluno de ciências da informação (se faz aqui uma necessária reflexão sobre a
definição de ciências). Por um acaso do destino, IGO começa a se engraçar com XTA,
aluna da área de saúde, que é amiga de X9,
sua colega de curso e moradora da CEU. Para IGO e XTA estreitarem
relações, X9 cede seus aposentos e
vai “fazer hora” no quarto de BM, o
que obviamente se torna uma relação extraconjugal.
Teoricamente tudo vai bem
para BM.
Porém, certo dia A decide visitar seu cônjuge na capital
de todos os gaúchos. Existe uma regra tácita na CEU que determina que quando o
seu colega de quanto vai “se dar bem” você deve se ausentar pelo tempo que for
preciso, e foi justamente isso que IGO
fez, encontrou outro quarto para passar a noite. O combinado era que IGO receberia A e faria sala para a mesma até as 23h, horário que BM normalmente retornava de sua labuta
diária, depois se ausentaria até a manhã do dia seguinte.
A
chega pontualmente as 18h e após cumprimentos amistosos põe-se a dialogar com IGO. Entre amenidades e reminiscências
ambos ouvem batidas na porta. IGO
com sua habitual hospitalidade berra “entra porra” e para seu grande espanto X9 irrompe-se no quarto.
Diante de visita inesperada,
e sabendo da situação, IGO começa a
suar frio.
X9 se
apresenta carinhosamente à A que
retribui sem suspeitar que têm diante de si sua concorrente.
IGO tá
achando tudo muito perigoso, e esse sentimento só piora ao ouvir X9 convidar A para dar um passeio pela cidade. Nesse momento, quase em
desespero IGO argumenta:
– Mas A, o BM está quase
chegando – desconsiderando o fato de ainda serem 20h.
Diante da inocuidade do
argumento, IGO insiste. – Acho que
o BM não vai gostar nada disso.
Mas já era tarde demais. A
ingenuidade de A somada à vilania de
X9 culminaram em um passeio perigoso
pela noite porto alegrense.
Ainda em estado de choque, IGO não sabe se torce para que BM cheque primeiro, para que A volte antes ou se compra uma
bicicleta.
Quando o relógio dá sua
décima primeira badalada, BM chega
animado do trabalho e ao ver as malas de sua amada no quarto, interroga IGO – Onde está A?
– BM senta aí, tenho que te contar uma coisa – diz cuidadosamente.
Após ouvir detalhadamente
todo o ocorrido, BM sai
desesperadamente, rumo ao desconhecido, pois nem ele nem IGO têm a menor ideia de onde as “novas melhores amigas” foram.
IGO
também sai do quarto, e fica vagando pelos andares da CEU, até as 3h da manhã,
quando decide verificar como está a situação. Para sua surpresa encontra BM sentado em posição fetal no corredor
em frente ao quarto e A terminando
de arrumar as malas. Tomado de intensa coragem e intenções pacificadoras, IGO decide ir embora dali o mais rápido
possível.
Mas o que teria dito X9 à A durante o passeio? Ela só disse tudo. Que além de ter um caso com
BM se apaixonara perdidamente por
ele e não bastando isso, teria dito também para A que faria de tudo para tirar-lhe o seu homem.
Após a, inevitável, imediata
separação, BM e A reconciliaram-se e viveram felizes para sempre. Se definirmos
“sempre” como: até o momento que tiveram um processo de separação litigiosa
para o qual IGO foi convocado a
depor.