terça-feira, 19 de julho de 2011

MEMÓRIAS DE UM ESTUDANTE DE MENTIRA (7)

A Gastronomia lado B de Porto Alegre (ou)

Guia Gastronômico do Universitário Pobre


Este com certeza é o capitulo mais saboroso das Memórias, afinal de contas, comer bem é uma arte. Se esta máxima é verdade eu sou um péssimo artista.
Durante os vários anos como morador da CEU (Casa do Estudante Universitário) com certeza o local aonde fiz a enorme maioria das refeições foi o RU (Restaurante Universitário). A razão principal era o preço (0,50 centavos), apesar de não poder descartar a razoável qualidade da comida. Sobre o RU não falarei muito, só mencionarei a deliciosa lasanha de bolacha Maria a bolonhesa servida no jantar, um prato requintado e sustentável, por se tratar das sobras do café da manhã (bolacha) somadas as sobras do almoço (bolonhesa).
Na verdade, o objetivo deste capítulo é mais ousado do que falar somente do RU pretendo que estas linhas sirvam como guia para os universitários de baixa renda domiciliados próximos ao centro da capital gaúcha, para tanto descreverei a seguir as características de alguns points gastronômicos, por assim dizer, que visitei (as vezes com certa freqüência) em Poa.


Cachorro do Seu Hélio: sem dúvida foi o local aonde mais gastei meus escassos dobrões. Em uma determinada época era sagrado comer um doguinho caprichado do seu Hélio nas madrugadas de jogatina do sétimo andar, se pensarmos que todas as madrugadas tínhamos jogatina dá para imaginar quantos dogs foram consumidos. Outro fator determinante para ser cliente desse cachorro quente era o atendimento diferenciado, sempre, querendo ou não, você ouvia uma grande história (impossível precisar a sua veracidade) do seu Hélio. Este estabelecimento gozava de tanto apreço entre os “nossos” que até citado em discurso de formatura ele foi.

Submarino Amarelo: não era bem este o nome do restaurante, mas eu costumava chamá-lo assim por ele ter uma fachada amarela e pela rapidez de submersão da comida em nosso aparelho digestivo, acho que o organismo se recusava a fazer o seu trabalho, talvez pela insalubridade. No submarino amarelo se pagava R$ 3,50 e se comia o quanto conseguisse, porém só era permitido o consumo de uma carne. O buffet tinha uma peculiaridade, ele era aberto às onze da manhã e fechava à meia noite, ao longo do dia a nova comida era simplesmente colocada sobre a antiga ou seja, existia uma grande chance de você a meia noite comer uma deliciosa salada de maionese feita as 11h, por isso eu nunca vi ninguém comendo a salada de maionese.

Restaurante da Sigourney Weaver: Obviamente o nome da dona deste agradável estabelecimento não era Sigourney Weaver, porém as semelhanças com a personagem principal do filme Alien (interpretado pela Sigourney) explicavam a alcunha. O buffet livre com 2 carnes, 2 frutas e 1 copo de refrigerante (não era da linha da Coca) custava meros R$ 3,80, era ideal para os almoços de sábado. O detalhe deste restaurante era a vigia que o casal de donas fazia no momento em que os clientes serviam os seus pratos, se você pensasse em pegar mais uma carne era detido rapidamente, se por engano pegasse mais de duas frutas recebia contestação imediata e era persuadido a abandonar o excedente. Dá para dizer que a dona tinha que matar um Alien por dia para obter lucro.

Cantina do Seu Thomas: Este era o local ideal para se alimentar ao acordar no domingo, ou seja, às 4h da tarde. Geralmente estavam presentes neste estabelecimento as mentes mais brilhantes do submundo portoalegrense. Tinha o “seu Madruga”: um sujeito extremamente irritado que estava sempre sentado no mesmo lugar falando de escolas de samba, tinha outro, “O Professor”, que sempre estava acompanhado de uma mariposa diferente (dividindo um pf com ela), tinha um ex-enxadrista alcoólatra (este sem apelido) e o seu Thomas é claro, sempre com seu mau humor peculiar e bebericando uma cerveja que guardava embaixo do balcão. A opção mais pedida era o PF (R$ 3,50 com uma carne), e o melhor de tudo: era permitido repetir o arroz, feijão e massa, quantas vezes fossem necessárias, era o já aclamado REPETECO.

Pizza Palito: Esta aqui foi histórica, estávamos em um restaurante na esquina da CEU (atualmente sob nova direção) e pedimos uma deliciosa pizza que custava R$ 10,00. Ao servirem a pizza percebemos a inoportuna presença de dois palitos de dente, dispostos perpendicularmente sobre a mussarela e entre fatias de tomates e calabresa. Obviamente reclamamos, invocando os direitos do consumidor e solicitando a troca da pizza, e neste momento, para nossa surpresa, o dono do local nos garantiu que os palitos não tinham sido usados e indicou que simplesmente retirássemos os intrusos e consumíssemos a pizza como se nada tivesse acontecido. E foi exatamente isso o que fizemos, afinal de contas o que é um palito para quem mora na CEU.

Tropical Lanches: E por último, mas não menos importante, falo sobre o Tropical Lanches. Neste estabelecimento nós desfrutávamos de ambiente familiar, culinária típica de mais de 50 países (Chipre, Butão, Antigua e Barbuda, Vanuatu, Zaire, Etiópia, Omãn, Micronésia, Sbórnia dentre outros), atendimento diferenciado e o melhor pastel de queijo da madrugada portoalegrense. Na verdade o tropical abrigava a escoria faminta da subsociedade gaúcha, além de ser o ponto de esquenta para os galãs de rodoviária e a saidera das prostitutas. Resumindo, era um lugar completo. Foram inúmeros os personagens suigeneris encontrados no tropical e várias histórias engraçadas vividas neste local, porém gostaria de destacar uma delas que tem como personagem principal o nosso herói: o Man.
Então, estávamos prestes a solicitar ao prestimoso garçom uma saborosa pizza quando, ao ver a presença de ovo frito no cardápio pela bagatela de 0,50 centavos, o man interferiu no nosso pedido e indagou o garçom da possibilidade de ser acrescentado o ovo em seu respectivo 1/4 de pizza, este pedido simplório causou grande estranheza ao garçom e absoluta comicidade a situação. Estava criada a pizza de calabresa com ovo frito.

Acho que são estes os estabelecimentos mais destacados do centro de Porto Alegre. Acredito que estas informações possam ser muito úteis para a chinelagem universitária, e Bom Apetite.

Radioleiga (Semana 6)

Já esta no ar a Radioleiga semana 6, deveras eclética por sinal. A playlist refere-se ao post “top 10 bandas nacionais de uma musica só!” publicado em 17 de março de 2011. O negócio é dar play (como se fosse preciso) e deixar rolar.
Tendo em vista que estamos em mês de aniversário do blog, tive uma ideia para a próxima playlist, que será: Radioleiga semana 7 pedidos dos leitores. É simples, é só deixar um comentário neste post dizendo quais músicas (duas no máximo) você quer ouvir na próxima semana da Radioleiga, independente de gênero, religião, cor ou classe social. As 2.500 primeiras farão parte da playlist, então corra antes que seja tarde demais.

1 ANO DE LEIGO PARA LEIGO!

É com muita satisfação que escrevo este post comemorativo. É difícil acreditar que o blog sobreviveu ao primeiro ano, tendo em vista que metade dos blogs não consegue resistir, este é um feito para ser comemorado.
Neste primeiro ano de existência (completo em 15 de jul.) é possível identificar alguns números interessantes, vamos a eles:


58 é o total de postagens;

foram feitos 233 comentários ao longo deste primeiro ano;

16804, este é o numero total de acessos do blog até este exato momento;

o blog é seguido atualmente por 12 perdidos;

3, é o numero de gols que o meu querido tricolor marcou no colorado no final de semana;

e para encerrar, 10 é a nota que eu dou para os leitores e comentaristas assíduos do blog.


E como hoje é um dia comemorativo, prometo que farei mais uma Radioleiga e mais um capítulo das Memórias. Você não perde por esperar!!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

REMINISCÊNCIAS DA MINHA INFÂNCIA: TOP 17 ALIMENTAÇÃO

“Bolete é o #aralho, o negócio é Bolin Fruta” (Duda do Marape - Bolin Fruta)

E com esta maravilhosa frase dou início a mais um capítulo da minissérie Reminiscências da Minha Infância. Neste capítulo temos o TOP 17 Alimentação, ou seja, doces, bebidas e chicletes que fizeram parte da minha infância.
A ordem estabelecida seguiu o critério de representatividade, as guloseimas mais presentes na minha infância ficaram com as melhores posições.
Sem mais delongas vamos a lista:

17 - Lanche Mirabel


Digamos que esse biscoito fosse o mais indicado para as crianças, simplesmente porque era o mais barato que existia no mercado. O fato de ser fácil de armazenar e transportar (pelo seu tamanho) dava ao Lanche Mirabel o status de merenda ideal para os recreios escolares, apesar de eu preferir comer a merenda de verdade, muitas vezes com direito a repetição.

16 - DinOvo


Está é somente a primeira aparição de chicletes nesta lista. Imagino que todos se lembrem do DinOvo. É impressionante como as empresas usam a criatividade para conseguir vender seus produtos, só assim para explicar a confecção de um chiclete em forma de ovo de dinossauro.

15 - Bala SOFT


Eram duras estas malditas balas. O gosto até que era aceitável, tanto quanto a possibilidade de se engasgar com ela. Pelo que me lembro 0,10 centavos compravam 4 balas Soft.

14 - Pirulito Chupeta


Definitivamente os Pirulitos Chupeta não tinham um gosto extraordinário, mas o que podemos esperar de algo que custava 0,15 centavos. Quando se é criança não se tem muito discernimento para algumas coisas.

13 - Cigarrinho de Chocolate Pan


Lembro-me de encontrar estes cigarrinhos de chocolate nos piores botecos da minha cidade, lembro também que não eram tão baratos. Ninguém tira da minha cabeça que a Pan (fabricante do chocolate) tinha um acordo com alguma fabricante de cigarro, e usava o formato de cigarro como mensagem subliminar para as crianças já aprenderem a manusear o cigarro. Reparem como o guri da imagem segura o seu chocolate.

12 - Dadinho de Amendoim


Provavelmente este é o alimento desta lista que eu mais gostava. Os comerciantes também deveriam adorar, porque sempre empurravam os dadinhos como troco, e quem não quer um troco assim. Lembro que também existiam dadinhos de caramelo, uma explosão de sabor.

11 - Bolin Fruta


O Bolin Fruta era um chiclete tão especial que mereceu a linda homenagem feita pelo trecho da música usada na abertura deste post. Enfim, mais uma empresa que utilizou a criatividade para atrair seus clientes, afinal de contas, nada melhor que mascar um chiclete com sabor e formato de melancia.

10 - Chicletes Ploc e Ping Pong


Estas duas marcas de chiclete obtiveram extremo sucesso pelo mesmo motivo, contemplavam o seu consumidor com uma maravilhosa figurinha. Formei várias coleções diferentes, mas uma delas fixou-se em minha lembrança: a do Ploc dois sabores (imagem). Ela trazia figurinhas com mistura de animais, tinha, por exemplo, o “ornitoporco” mistura de ornitorrinco com porco, ou o “raturso”, rato com urso. Era totalmente sem noção, mas era bom.

9 - Dan-top


Dan-top provavelmente era uma das tantas marcas dessa guloseima. Para quem não lembra, o negócio tinha o formato do famoso nhá benta (Kopenhagen), as semelhanças se resumem ao formato, porque o sabor do Dan-top era terrível. Eles utilizavam um chocolate extremamente gorduroso (o mesmo tipo de chocolate aparecerá outras vezes neste top). Mas o que esperar de um doce que custava 0,20 centavos.

8 - Sucos que vinham em embalagens Plásticas em forma de frutas


Não tenho a mínima ideia qual era o nome oficial deste suco, mas que era gostoso era. O fato de ele vir nestas embalagens especiais o encarecia consideravelmente, fato este que tornava o meu consumo deste produto um acontecimento raro, mas muito prazeroso.

7 - Miliopã


Escolhi a marca Miliopã para representar as outras milhões que fazem essa salgadinho barato e de qualidade duvidosa. 0,50 centavos era o valor de um saco gigante de salgadinho, tamanho família, ideal para acalmar um bando de crianças pentelhas. Este aqui a Elma Chips nunca ousou copiar.

6 - Maria-mole em casquinha


Era ruim, mas era bom. E o melhor, ela vinha com uma bexiga. Cá entre nós, geralmente a Maria-mole durava mais do que a bexiga, o que não era problema porque era só pedir mais 0,10 centavos para o pai e comprar outra.

5 - Sacolé (Geladinho)


O quinto colocado já salvou muitos brasileiros do calor extremo. O Sacolé é conhecido nacionalmente, não pelo mesmo nome é verdade, mas em se tratando de suco congelado dentro de um saco cilíndrico todo mundo conhece. O meu preferido era o industrializado (foto), mas os caseiros tinham o seu valor. Falar de Sacolé estando em uma temperatura de 7º graus é quase uma heresia. Chega verão!!!!!

4 - Tubaina


Está aqui uma coisa que muda de nome conforme o estado brasileiro. Aqui no Sul ninguém conhece por Tubaina. Na verdade o nome correto é refrigerante em garrafa retornável de 600ml. É mais um dos casos que a marca fica mais conhecida que o produto em si. Enfim, a Tubaina que eu mais gostava era de outra marca, Conquista, na verdade nem era tão boa assim, eu gostava mesmo é porque custava 0,22 centavos no mercado (levando o casco é claro) e 0,40 centavos em qualquer boteco.

3 - Bombom do Fofão




Reservei um clássico para o terceiro posto da lista. O sabor do bombom do Fofão era um atentado violento ao sistema digestivo humano, mas compensava pelo preço. Vocês lembram que eu falei do chocolate usado no Dan-top (9º colocado da lista), era exatamente o mesmo utilizado no bombom do Fofão. É por essas e outras que a infância não foi totalmente perdida.

2 – Guarda-chuvinha de chocolate


Uma tradição, é o mínimo que tenho para dizer sobre os Guarda-chuvinhas de chocolate. Na última páscoa minha esposa encontrou uma caixa deles em uma loja de 1,99, daí ela resolveu comprar e colocá-los na cesta do nosso filho de um ano e meio (lindo por sinal). Imagino que ela colocou lá para ele brincar, porque estes negócios são incomestíveis. Só para constar, o chocolate é o mesmo do bombom do Fofão.

1 - Ki-Suco


E o “alimento” mais representativo da minha infância é o Ki-suco. E não são poucos os motivos. Além de um sabor peculiar (água, açúcar e corante), o Ki-suco rendia que era uma beleza (2litros mais especificamente) e tinha um valor mais que acessível a todas as classes sociais (míseros 0,10 centavos).
Além do Ki-suco clássico, selecionei também a imagem do Qrefresco, com a simpática Baleia, que só pode significar o exacerbado rendimento da bebida, permitindo até que o maior mamífero do mundo se banhe em suas profundezas.


Aguardo comentários e aviso que em breve teremos o terceiro capítulo das Reminiscências e mais um capítulo das Memórias. É aguardar para ver.